viernes, 30 de diciembre de 2011

Leo Nogueira

Quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Ninguém me Conhece: 23) Las Canciones Más Hermosas del Mundo de Joaquín Sabina
Depois de Noel Rosa, ninguém revolucionou tanto a música popular brasileira quanto Chico Buarque de Hollanda. E revolucionou sem revoluções. Amante da tradição, chegou timidamente, sem experimentalismos, mas sua aparição teve o efeito de um furacão. Claro que houve outros, inclusive os movimentos, como o da bossa nova e o da tropicália, mas o rapaz de olhos claros, sozinho, causou mais estrago na arte de se fazer canção popular. Tom Jobim foi um gênio incontestável, mas era letrista bissexto. Caetano é excelente letrista, mas se dá o luxo de errar não poucas vezes. Outros vieram, mas ainda têm que comer muito arroz com feijão pra superá-lo. De estilo inconfundível, rimas sufocantes e temas dos mais variados, Chico trouxe à canção popular uma elaboração tal que até hoje não foi superada. Apesar de o Rei ser outro, ouso dizer que o filho de seu Sérgio é o Pelé de nossa música.

(Quando eu lhe disse que a paixão/ Por definição não pode durar/ Como eu podia saber/ Que ela ia morrer de chorar?/ Não seja tonto, me censurou,/ Essa explicação ninguém solicitou/ Então melhor se calar/ Sinceridade assim não posso aguentar/ E assim foi que eu aprendi/ Que em histórias a dois convém às vezes mentir/ Que certos deslizes são/ Narcóticos contra o mal de amor/ Eu pretendia dizer que o destino é patrão do desejo/ Que a cama é um ringue de boxe onde cada assalto é um beijo/ Que o que arrepia a pele e agita o sangue termina/ Vira lixo a se acumular com a triste rotina/ Eu pretendia dizer a verdade ainda que fosse amarga/ Contar que, mais que as suas medidas, a Terra era larga/ Eu quis pintar-lhe um mundo real, e não um cor-de-rosa/ Mas ela preferia escutar mentiras piedosas/ Que o que arrepia a pele e agita o sangue termina/ Vira lixo a se acumular com a triste rotina/ E quando, após a quinta cerveja, falei de uma moça/ Que me fez perder a cabeça, gritou:/ – Cala essa boca de uma vez, por favor!/ E assim foi que eu aprendi/ Que em histórias a dois convém às vezes mentir/ Que certos deslizes são/ Narcóticos contra o mal de amor./ Eu pretendia dizer a verdade ainda que fosse amarga/ Contar que, mais que as suas medidas, a Terra era larga/ Eu quis pintar-lhe um mundo real, e não um cor-de-rosa/ Mas ela preferia escutar mentiras piedosas.)*

E o que Chico tem a ver com essa história? Explico: citei-o pra dizer em qual companhia o desconhecido Joaquín Sabina está. Sim, eu disse desconhecido. Se Sabina andar pelo calçadão de Copacabana ou pela avenida Paulista, por mais espalhafatoso que seja seu vestuário, vai, quando muito, conseguir algum olhar de esguelha. Nos restaurantes, pode comer sossegado, sem que venha um bando de fãs perturbar-lhe a paz. Mas estou me referindo ao Brasil. Se dissesse que o mesmo ocorre em países como Argentina ou México, por exemplo, diriam que estou de miolo mole. Por quê? Porque Joaquín Sabina, el Flaco, é o Chico Buarque da Espanha. Com muitas doses de rock’n’roll a mais, por supuesto. E a relação entre a Espanha e os países latino-americanos de língua espanhola, graças a Deus, não é igual a de Brasil e Portugal. Dessa forma, Sabina lota estádios em países como Uruguai, Argentina e México. Perdoem pela comparação com Chico, um realmente tem muito pouco a ver com o outro musicalmente, fora a voz um tanto esquisita e a encantadora poesia, mas foi a estratégia que encontrei pra falar de Sabina, visto ser ele o maior poeta da música espanhola... Estarei me repetindo?

(Corre, disse a tartaruga; vem me pegar, disse o covarde;/ Já tô de volta, disse um cara que nunca saiu da cidade;/ Salva-me, disse o carrasco; sei que foi você, disse o culpado;/ Cala a boca, disse o surdo; hoje é quinta, disse a terça;/ E não perfume frases que me façam cair na conversa/ Quero ficar só comigo/ Com o íntimo inimigo que se esconde num porão do meu coração/ O receoso, o fugitivo, a face oculta de um refém/ O filho bastardo da cautela/ O que apenas se revela, se eu me revelar também/ O caprichoso, o orgulhoso,/ O outro, o cúmplice traidor./ Eu tô falando é com você, que nunca escuta meus conselhos/ Eu tô gritando é pra você do outro lado do espelho/ Que tá cansado de viver aí chorando de joelhos/ A quem nada devo além do empurrão que ontem/ Me fez cometer essa canção./ Não minta, disse o mentiroso; passe bem, disse o coveiro;/ Não perca a sua alma, disse, pesando a carne, o açougueiro;/ Prova-me, disse o veneno; ama-me com o ódio dos amantes/ Qual seu preço?, disse o gângster; tô limpo, disse o traficante;/ Já tava me entregando quase a ponto de explodir as bases,/ Quando, à beira do caminho,/ Uma flor, com seus espinhos, me cegou, e eu pude ver lábios de mulher/ Que tal me pagar um trago?/ Eu te levo onde quiser/ Quando bebo, gosto de um afago/ Eu lhe perguntei quem era. Disse que era mais de mil:/ A puta, a santa, a bruxa, a fada… Falou calada e me sorriu.)*

Todos sabemos que o Brasil é uma ilha de língua portuguesa cercada por hispanofalantes, mas o problema não é esse. O problema é que por aqui não há o menor interesse pela farta cultura que se produz nessa língua. Nossa preguiça e nossa subserviência ao Tio Sam acabam roubando de nós o contato com uma riqueza com a qual nem sonhamos. Aos poucos procurarei trazer a este espaço um pouco do que descobri em minhas andanças, mas hoje gostaria de falar simplesmente do melhor, digo, mejor: Sras. e sres., apresento-lhes o espetacular Joaquín Sabina!

(Com meus quarenta e dez/ Quarenta e nove dizem que aparento/ Mas, se chegou a vez/ De deparar-me com o delicado momento/ De passar a pensar/ Em recolher-me, e, sentado à uma mesa,/ Me resignar a ditar testamento/ [Perdão pela tristeza]/ E pra que meus dependentes, constrangidos a um futuro furado,/ Não sofram o que sofri, vou decidido/ A não lhes deixar legado/ Só meus poemas de amor/ Um corte no coração e um mar de dúvidas/ Co’a condição de que não os liquidem no atacado, minhas viúvas/ E, quando minhas filhas sintam na alma/ Saudades de minhas pilhérias/ E um brusco calafrio mostre a bastilha/ Onde passo as minhas férias/ Serei um mal exemplo a se trancar/ Do lado esquerdo do peito/ Junto com os beijos que não soube dar/ E os meus diversos defeitos/ Porém sem pressa, que a missas de réquiem/ não sou lá muito chegado/ E o terno de madeira que estrearei/ Nem foi ainda plantado/ E o frei que vai me dar a extrema-unção/ Ainda é menos que um filho/ E que pra ser comercial, esta canção carece/ De um bom estribilho/ Desde que saio com a pálida dama/ Ando mais morto que vivo/ Porém, dormir o sono eterno em sua cama/ Me parece excessivo/ E tudo o que nunca me cansei de buscar/ Em lábios, mares sem portos,/ Dizem que há beijos vindos de ultramar/ Que ressuscitam os mortos/ Se de visita, vierem à minha cova/ Quando for meu aniversário/ E eu não estiver, favor ninguém se comova/ Até que volte o otário/ Pois quem irá se importar/ Se um pobre morto mantém ainda seus vícios?/ No dia do juízo final, quem sabe Deus venha advogar em meu benefício/ Porém sem pressa,/ que a missas de réquiem/ não sou lá muito chegado/ E o terno de madeira que estrearei/ Nem foi ainda plantado/ E o frei que vai me dar a extrema-unção/ Ainda é menos que um filho/ E que pra ser comercial, esta canção carece/ De um bom estribilho.)*

Esqueçam Maná, deem tchau ao Manu Chao, tratem com carinho Jorge Drexler, mas sabendo que este é um apadrinhado de Sabina, este senhor de voz rascante movida a álcool e nicotina, que é coisa seriíssima! Este feiticeiro das palavras encontrou a fórmula de manipulá-las a seu bel prazer, e estas, obedientes, não lhe oferecem resistência, entregam-se, dóceis, como cordeirinhos. Este señor é seu pastor, e nada lhes faltará! Que sorte têm estas palavras-ovelhas! As metáforas mais lindas e inimagináveis estão em seu DNA, as rimas, tipo A, correm-lhe pelas veias, e o que é mais fabuloso: generoso, ele não conhece economias, algumas de suas letras, quilométricas, são verdadeiros contos em versos.

(Era uma vez uma velha serpente/ Que trouxe uma maçã e disse: prova/ Eu me chamava Adão, e, certamente, era você a Eva/ Morávamos num prédio sob embargo/ Dois miseráveis de outra região/ Era no Largo do Arouche um paraíso sobre o chão./ No lixo achamos três cadeiras brancas/ Um colchão roto e uma mesa manca/ Enquanto Eva estava nas frituras, eu borrava partituras./ Sabíamos passar bem sem a janta/ Ficar nus com a roupa no varal/ Fumando dessa planta/ da ciência do bem e do mal./ O céu sorri quando Eva se bronzeia/ Naquelas tardes, no terraço, ao sol/ Ninguém viu mais linda sereia em seu estado natural./ E, de repente, em cada janela,/ Tinha um marido perdendo estribeiras/ Sem se importar se passasse na tela Corinthians x Palmeiras./ Um dia, a víbora do prédio em frente/ Ao ver seu homem como nunca o viu/ Ficou doente e telefonou pra Defesa Civil./ Sem documentos, nem mesmo um registro,/ Galhos de arruda, ou tio vereador/ Não teve nem um cristo que viesse em nosso favor./ Eva tomando sol/ Pecado original/ Beijos, arroz, feijão/ Quer mais o quê, Adão?/ Um deus-juiz que fez de si mau uso/ Nos declarou, fora de seu juízo:/ Não há mais vagas para dois intrusos nesse paraíso./ Sobre o colchão, estávamos sem roupa/ Jogando o nosso jogo favorito/ Ao ver entrar a tropa/ Eva não pôde sufocar um grito./ Escada abaixo lhe gritava “desce!”/ Um uniformizado querubim/ Sem se importar que ela estivesse prestes a dar à luz Caim./ Hoje, na feira-livre, Eva vende/ Maçãs da árvore do ex-patrão/ Num shopping toco nosso happy end/ Todos me chamam Adão.)*

Além de grande cantautor, Sabina é dono de um carisma invejável. Nas entrevistas, é espirituoso e divertido, nos shows, encanta o público, que canta junto as letras, inebriado. De quebra, além da obra, tem uma história de vida digna dos melhores roteiros de cinema. Jovem, teve problemas com o pai, policial; mais tarde fugiu do exército e do governo de Franco e foi parar na Inglaterra, país onde viveu por longos anos, defendendo-se cantando na noite; de volta à Espanha, embora tivesse vergonha da voz “de taquara rachada”, influenciado por amigos, investiu na carreira e, por conta da genialidade de suas canções, em pouco tempo se firmou como um dos grandes nomes da canção espanhola e não perdeu o status até hoje. E (mais uma vez a exemplo de Chico) sua voz, que o envergonhava, passou a ser amada por multidões de fãs. Sua grande frustração, contudo, é ser mais conhecido por suas canções que por sua poesia, visto ser também poeta inspirado, autor de uma infinidade de sonetos, muitos deles publicados em seus livros de poesia. Recentemente fez uma turnê por vários países do globo com o não menos famoso Joan Manuel Serrat (quem?). Infelizmente o show não passou por aqui. "Será que algum dia eles vêm aí cantar as canções..." que ninguém conhece?

(Eu não quero um amor civilizado/ Com contrato e cenas de sofá/ Eu não quero que viajes ao passado/ E voltes do mercado/ A ponto de chorar./ Eu não quero almoços com vizinhos/ Eu não quero plantar pra ter raiz/ Eu não quero dar rosas sem espinhos/ Em datas pra ser feliz./ Eu não quero te acompanhar na feira/ Eu não quero que escolhas meu xampu/ Eu não quero usar uma coleira,/ Pendurar as chuteiras,/ Me enterrar qual tatu./ Eu não quero dormir domingo à tarde/ Eu não quero um playground no jardim/ O que eu quero, coração covarde,/ É que morras por mim./ E contigo morrer, se te matares/ E matar-me contigo, se morreres/ Porque o amor, quando não morre, mata/ Porque amores que matam nunca morrem./ Eu não quero fazer economia/ Nunca soube chegar ao fim do mês/ Eu não quero comer no fim do dia/ A refeição sadia/ Dos que não têm mais vez./ Eu não quero esse ar-condicionado/ Eu não quero beijar tua cicatriz/ Eu não quero Veneza em seriados/ Nem postais de Paris./ Não me esperes com teu advogado/ Nem me queiras de volta sem paixão/ Eu não quero ser livre acorrentado,/ Nem carne nem pecado,/ Orgulho ou compaixão./ Eu não quero cegar o que não viste/ Nem fazer um amor assim-assim/ O que eu quero, garota de olhos tristes,/ É que morras por mim./ E contigo morrer, se te matares/ E matar-me contigo, se morreres/ Porque o amor, quando não morre, mata/ Porque amores que matam nunca morrem.)*

***

Ouça algumas das canções más hermosas del mundo de Sabina aqui.

L

*Todas as versões são de Léo Nogueira, vulgo eu.

noche de bodas

Joaquín Sabina en Portugués: 10) Clarisse Grova e a Versão de "Noches de Boda"




Em meu texto anterior, escrito às vésperas do Natal, tratei de suicídio. Algumas pessoas mais sensíveis podem ter se sentido chocadas ou achado de mau-gosto numa época tradicionalmente de esperança abordar tal tema. É, admito que peguei pesado, mas não consegui deixar passar batido o suicídio de uma pessoa que, se não era minha amiga, era ao menos bem próxima. No mais, mau-gosto teve ela quando escolheu se matar nessa época, eu apenas optei pela "morte em literatura".

Desculpem, mas o Natal tem o poder de me deixar triste, deprimido mesmo algumas vezes. Em contrapartida, gosto do Ano-Novo. Por isso resolvi maneirar nas tintas e tratar de assunto mais leve. Pra tanto, optei por escrever o último texto do ano a respeito de uma canção que é um dos mais maravilhosos manifestos em favor da vida já feitos, que pode ser lida/ouvida também como uma forma das mais poéticas de se desejar feliz ano novo.

Trata-se de Noches de Boda, de Joaquín Sabina. Esta foi a primeira canção dele que ouvi na vida. Deu-se em sala de aula, graças a minha querida professora Teodora Freire, que teve o bom-gosto de usá-la como matéria em classe. Não preciso dizer que a canção me encantou de cara e foi responsável por eu começar a pesquisar a respeito da genial obra desse compositor espanhol a quem não exagero ao chamar de gênio.

Confesso que a feitura da versão não foi trabalho dos mais fáceis. Porém, seu resultado me agradou bastante. E, tão logo comecei este projeto de versões, imediatamente imaginei Noites de Bodas na voz de minha mais que estimada parceira carioca Clarisse Grova. Explico: Sabina é um compositor de temas essencialmente masculinos. Portanto, são poucas as canções suas que soam naturais em vozes femininas. E Noches de Boda é uma delas. Assim sendo, eu não poderia deixar passar a chance de ouvi-la na linda voz de Clarisse.


Assim que a convidei e ela topou. Só que entre topar e gravar passou-se um longo tempo. Mas valeu a espera. Quando recebi a gravação, fui tomado por uma emoção que me arrebatou. Clarisse, com seu talento e sua intuição, conseguiu me surpreender. Claro que sei que ela é surpreendente por natureza, mas, mesmo assim, o resultado superou as expectativas. Ouçam e tirem suas próprias conclusões. Pra efeitos informativos, acrescento apenas que esta canção faz parte do disco 19 Días y 500 Noches, de 1999, considerado a obra-prima de Sabina. E, pra terminar, desejo que os versos desta canção lhes cheguem como meus votos de feliz ano novo!

NOITES DE BODAS
Joaquín Sabina/versão: Léo Nogueira

Que a maquiagem não apague seu riso
Que a bagagem não corte suas asas
Que o calendário não seja preciso
Que o dicionário não queime nas brasas

Que as persianas corrijam a aurora
Que Deus ajude quem não dorme cedo
Que os que esperam não contem as horas
E os que matam que morram de medo

Que o fim do mundo te encontre dançando
Que as canções, coisas belas nos contem
Que a dor não ache nem como nem quando
Nem tome o comando
Do hoje e do ontem

Que o coração nunca saia de moda
Que a velhice seja um carrossel
Que cada noite seja noite de bodas
Que não se ponha a lua de mel

Que todas as noites sejam noites de bodas
Que todas as luas sejam luas de mel

Que as verdades não tenham complexos
Que as mentiras pareçam mentiras
Que em vez de guerra, se faça mais sexo
Que brote o amor onde plantam a ira

Que os bons momentos não sejam tão raros
Que cada ceia seja última e plena
Que ser valente não saia tão caro
Que ser covarde não valha a pena

Que não te comprem por menos que nada
Que não te vendam amor sem espinhos
Que não te ninem com contos de fadas
Que nunca fechem os bares vizinhos

Que o coração nunca saia de moda
Que a velhice seja um carrossel
Que cada noite seja noite de bodas
Que não se ponha a lua de mel

Que todas as noites sejam noites de bodas
Que todas as luas sejam luas de mel


Abaixo, a letra original:

NOCHES DE BODA
Joaquín Sabina

Que el maquillaje no apague tu risa
Que el equipaje no lastre tus alas
Que el calendario no venga con prisas
Que el diccionario detenga las balas

Que las persianas corrijan la aurora
Que gane el quiero la guerra del puedo
Que los que esperan no cuenten las horas
Que los que matan se mueran de miedo

Que el fin del mundo te pille bailando
Que el escenario me tiña las canas
Que nunca sepas ni cómo, ni cuándo
Ni ciento volando
Ni ayer ni mañana

Que el corazón no se pase de moda
Que los otoños te doren la piel
Que cada noche sea noche de bodas
Que no se ponga la luna de miel

Que todas las noches sean noches de boda
Que todas las lunas sean lunas de miel

Que las verdades no tengan complejos
Que las mentiras parezcan mentira
Que no te den la razón los espejos
Que te aproveche mirar lo que miras

Que no se ocupe de ti el desamparo
Que cada cena sea tu última cena
Que ser valiente no salga tan caro
Que ser cobarde no valga la pena

Que no te compren por menos de nada
Que no te vendan amor sin espinas
Que no te duerman con cuentos de hadas
Que no te cierren el bar de la esquina

Que el corazón no se pase de moda
Que los otoños te doren la piel
Que cada noche sea noche de bodas
Que no se ponga la luna de miel

Que todas las noches sean noches de boda
Que todas las lunas sean lunas de miel







oaquín Sabina en Portugués: 9) Gabriel de Almeida Prado e a Versão de "Corre, Dijo la Tortuga"


Este texto caberia tanto no Ninguém me Conhece quanto no Os Manos e as Minas, até mesmo no Trinca de Copas, mas calhou que o moço em questão topou participar deste meu projetinho e tascou sua (bela) interpretação de Corre, Dijo la Tortuga, assim que cá está ele no Joaquín Sabina en Portugués. Grande aquisição!

Trata-se do jovem... Sim, caros, os jovens também têm seu espaço neste espaço! Aliás, por falar nisso, tenho que admitir que Gabriel de Almeida Prado faz uma música de gente grande! E tenho que agradecer a Élio Camalle por ter me apresentado o moço. A satisfação, que já era grande ao notá-lo grande compositor e dono de uma voz privilegiada, ficou imensa quando estreitamos os laços e pude perceber que rolava uma bela química entre nós que resultou em uma parceria cujo número aumenta a cada dia. Depois de Marcio Policastro, Gabriel tem sido um parceiro com quem mais a arte de compor tem se mostrado fácil e prolífica.

Tenho que dizer aos demais parceiros, principalmente àqueles que me mandaram melodias recentemente, que não se magoem com minhas palavras nem se sintam preteridos. É que letrar uma melodia é tarefa que requer tempo e inspiração, ao passo que fazer uma letra antes é mais fácil (pois moldamos a "imaginária" melodia de acordo com a métrica da qual necessitamos em nossa suposta letra). Ainda mais quando atiçado pelo frescor (não confundir com frescura!) da juventude de Gabriel, o Gabo, que tem sido generoso comigo ao compartilhar letras que poderia fazer só, o que acaba me motivando a retribuir a gentileza, razão pela qual nossas crias têm se multiplicado.


Mas isso é assunto pra um futuro Trinca de Copas. Vamos a Sabina! Pois bem, Corre, Dijo la Tortuga é uma deliciosa canção (na qual a verve "sabineira" aparece escancaradamente) que faz parte do excelente CD Mentiras Piadosas, que veio ao mundo em 1990. Mas não chegou por aqui, como, aliás, toda a obra deste genial compositor que pode caminhar tranquilamente pela calçada da avenida Paulista sem ser abordado por viva alma. Considerações à parte, a ideia de convidar o Gabo a cantar essa canção nasceu de um papo que tivemos no qual ele me disse curtir bastante o trabalho da mexicana Julieta Venegas. Imediatamente me lembrei de que ela gravara Corre... num CD chamado ...Entre Todas las Mujeres, no qual várias cantoras de língua espanhola cantam canções de Sabina.

Como a citada canção era uma das que eu vertera ao português, enviei-lhe a letra da versão e as duas gravações, a de Julieta e a de Sabina. Pra meu espanto ele preferiu a do próprio autor, o que, confesso, me alegrou. E me alegrou mais ainda receber a gravação que ele fez de minha versão, inclusive achei bacanas as ideias de arranjo (mandou bem, Gabo!). Notem como a introdução lembra uma tartaruga correndo (estarei viajando?). Bem, deixemos de prosa, senão a tartaruga foge (e o cara que nunca saiu da cidade resolve viajar), e vamos ao que interessa, que é a canção. Espero que curtam tanto quanto eu:

CORRE, DISSE A TARTARUGA
Antonio García de Diego - Joaquín Sabina/versão: Léo Nogueira

Corre, disse a tartaruga; vem me pegar, disse o covarde;
Já tô de volta, disse um cara que nunca saiu da cidade;
Salva-me, disse o carrasco; sei que foi você, disse o culpado;
Cala a boca, disse o surdo; hoje é quinta, disse a terça;
E não perfume frases que me façam cair na conversa
Quero ficar só comigo
Com o íntimo inimigo que se esconde num porão do meu coração
O receoso, o fugitivo, a face oculta de um refém
O filho bastardo da cautela
O que apenas se revela, se eu me revelar também
O caprichoso, o orgulhoso,
O outro, o cúmplice traidor

Eu tô falando é com você, que nunca escuta meus conselhos
Eu tô gritando é pra você do outro lado do espelho
Que tá cansado de viver aí chorando de joelhos
A quem nada devo além do empurrão que ontem
Me fez cometer essa canção

Não minta, disse o mentiroso; passe bem, disse o coveiro;
Não perca a sua alma, disse, pesando a carne, o açougueiro;
Prova-me, disse o veneno; ama-me com o ódio dos amantes
Qual seu preço?, disse o gângster; tô limpo, disse o traficante;
Já tava me entregando quase a ponto de explodir as bases,
Quando, à beira do caminho,
Uma flor, com seus espinhos, me cegou, e eu pude ver lábios de mulher
Que tal me pagar um trago?
Eu te levo aonde quiser
Quando bebo, gosto de um afago
Eu lhe perguntei quem era. Disse que era mais de mil:
A puta, a santa, a bruxa, a fada… Falou calada e me sorriu

A original:

CORRE, DIJO LA TORTUGA
Antonio García de Diego - Joaquín Sabina

Corre dijo la tortuga, atrévete dijo el cobarde,
estoy de vuelta dijo un tipo que nunca fue a ninguna parte.
Sálvame dijo el verdugo, sé que has sido tú dijo el culpable.
No me grites dijo el sordo, hoy es jueves dijo el martes
y tú no te perfumes con palabras para consolarme
déjame sólo conmigo,
con el íntimo enemigo que malvive de pensión en mi corazón,
el receloso, el fugitivo, el más oscuro de los dos,
el pariente pobre de la duda.
El que nunca se desnuda si no me desnudo yo,
el caprichoso, el orgulloso,
el otro, el cómplice traidor.

A ti te estoy hablando, a ti, que nunca sigues mis consejos,
a ti te estoy gritando, a ti, que estás metido en mi pellejo,
a ti que estás llorando ahí, al otro lado del espejo,
a ti que no te debo, más que el empujón que anoche
me llevó a escribir esta canción.

No mientas dijo el mentiroso, buena suerte dijo el gafe,
ocúpate del alma dijo el gordo vendedor de carne,
pruébame dijo el veneno, ámame como odian los amantes.
Drogas no, dijo el camello, cuanto vales dijo el ganster,
A punto de rendirme estaba a un paso de quemar la naves,
cuando al borde del camino,
por dos veces el destino que hizo un guiño en forma de labios de mujer.
Nos invitas a una copa, yo te secaré el sudor,
yo te abrazaré bajo la ropa.
Y quien va a dormir conmigo, ni lo sueñes contestó,
una indignada, y otra encantada no dijo nada y sonrió.

***

P.S. Essa montagem da foto ficou nada a ver, hem, Léo?

martes, 13 de diciembre de 2011

Letras de canciones.

Letra | Canción de navidad


No es verdad que me dé náuseas la navidad
me conmueve la madre
el niño, la mula y el buey
lo que pasa es que estalla
una bomba en noche en la noche de paz
lo que pasa es que apesta
a zambomba el mensaje del Rey.

El portal de Belén
es un zulo virtual
pero en vez de turrón
este invierno me como un marrón
unos hígados chumbos envueltos en Papel Albal
y Gaspar en lugar de una bici me pone carbón.

Ojalá no abrasara el calor del hogar
cómo hacer cuando toca reír
si me da por llorar
corazón, no me quieras matar
corazón
,
sé de sobra quién paga y quién cobra
quien hace vudú
quien satura el cubo de basura de tu cotillón
San José se enfadó con el padre del Niño Jesús.

Para ti escribí este sol fa do re mi
te lo vas a encontrar en el árbol de Papa Noel
cómo voy a decirte que no cuando sabes que sí
que el cuscús sabe a grano de pus tatuado en la piel.

Satanás es un capo llevando el compás
infiltrado en el supermercado de la navidad.

No es verdad…



Letra | Joan Manuel Serrat y Joaquín Sabina


| Cuenta Conmigo

Si quisieras quererme
dejaría de fumar
y me haría vegetariano
Si durmieras conmigo
dormirían menos triste
las palmas de mis manos
Y si los buenos chicos te atosigan
y buscas chicos duros
fingiré ser el duro que castiga
con besos de cianuro.

Si buscas alguien que te trate mal
cuenta conmigo
Si quieres guerra guardo un arsenal
bajo el ombligo
Y si se trata de tratarte bien
mejor que un millonario sin dinero
Olvídate de chulos todo a cien
por ti seré un perfecto caballero.

Si me abrieras tu falda de lunares
y me pidieras que me cuide un poco
haría footing por los bulevares
con chándal y a lo loco
Y si es mejor quererte sin permiso
con rabia y al contado,
yo te querré, como jamás te quiso
quién más te haya marcado.

Si buscas alguien que te trate mal
cuenta conmigo.
Yo nunca tuve una mujer fatal
ni tú un amigo.
Y si se trata de tratarte bien
mejor que un Lord con pantalón de cuero
Olvídate de chulos todo a cien
por ti seré un perfecto caballero.

Si quieres un maldito perdedor
que humille y que malquiera
ponme un pisito y yo seré el peor
cabrón de tu escalera.
Y si te ponen los matices de mi lado femenino
por ti comulgaré en misa de diez
con ruedas de molino.

Si buscas alguien que te trate mal
cuenta conmigo.
Yo nunca tuve una mujer fatal
ni tú un amigo.
Y si se trata de tratarte bien
mejor que un Casanova con liguero,
olvídate de chulos todo a cien
por ti seré un perfecto caballero.






P

domingo, 18 de septiembre de 2011

Nadie ama tanto la vida...

JOHN CARLIN FÚTBOL
Morir con las botas puestas

JOHN CARLIN 18/09/2011




- "Nadie ama la vida como un hombre viejo". Sófocles

Una tarde fría y lluviosa en febrero de 2002. El salón de una casa en las afueras de Manchester, Inglaterra. Cathy Ferguson, señora entrada en una cierta edad, está sentada en un sofá frente al televisor, bebiendo una taza de té. Detrás del sofá se pasea nervioso, masticando chicle, su marido, Alex. "Siéntate, cariño, por Dios. Prepárate ya para la vida de jubilado que te espera". "De eso te quería hablar, Cathy...".

Ella aparta la mirada del televisor y fija los ojos atentamente en el hombre con quien ha compartido su vida durante 36 años. "A ver, cariño, cuéntame...". "Pues estoy pensando en cambiar de plan. Creo que le voy a decir al club que seguiré". Cathy, conteniendo una sonrisa, le contesta con forzada solemnidad: "No decías que estabas un poco mayor para tanto trote". "El Manchester United es mi vida y no lo puedo dejar". Cathy le da un beso en la mejilla y sale disparada al baño. Cierra la puerta, alza los puños al cielo y chilla en voz baja, "Yes! Yes! Thank you, God! Yesssss!".

La escena es imaginaria, pero puede que tenga algo de verdad. Alex Ferguson, entrenador del Manchester United, declaró en febrero de 2002 que daba marcha atrás a su decisión, anunciada unos meses antes, de dejar el club de sus amores al final de aquella temporada. Había llegado a la conclusión, ya que estaba a punto de cumplir los 60 años, que el decoro y la ortodoxia social le exigían irse a su casa. Pero Ferguson se miró en el espejo un día y vio que, si era fiel a sí mismo, el decoro y la ortodoxia social no le valían, como él habría dicho en escocés, una puta mierda.

Cuesta creer que su esposa no haya celebrado la noticia tanto, o más, que el más fanático seguidor del United. La idea de compartir techo de la mañana a la noche con un individuo que, según su propio hermano, es capaz de empezar una pelea en una casa vacía tiene que haber sido inquietante para una mujer acostumbrada a llevar una vida de rutinaria y solitaria paz. Energía le sobraba, cosa que Ferguson ha demostrado de manera espectacular en los casi diez años transcurridos desde que tuvo la lucidez de entender que un hombre como él no tiene más remedio que morir con las botas puestas. Ha ganado en este período cinco campeonatos ingleses, una FA Cup y una Champions, competición a cuya final ha llegado en tres ocasiones.

A punto de cumplir los 70 años, tras 25 al frente del United, Ferguson encara hoy el partidazo de la jornada inglesa con un equipo renovado, dinámico, hambriento, repleto de jóvenes y capaz de seguir luchando por los títulos más importantes durante otra década más. Su rival esta tarde es el poderoso Chelsea, cuyo nuevo entrenador es André Villas-Boas, un jovenzuelo portugués de 33 años que no había nacido cuando Ferguson emprendió su carrera.

Lo normal sería afirmar que el futuro le pertenece a Villas-Boas, cuya trayectoria meteórica apunta a grandes cosas, y el pasado a Ferguson. El portugués, que ganó cuatro títulos con el Oporto la temporada pasada, parece ser un hombre serio y buena gente, y uno le desea todo lo mejor. ¿Pero quién se atreve a decir que, cuando Alex y Cathy Ferguson celebren sus bodas de oro, no será el entrenador del United el que seguirá en la gloria y que la joven promesa del Chelsea no habrá sucumbido a la devoradora de reputaciones que es el fútbol al más alto nivel profesional?

MOISÉS NAÍM

MOISÉS NAÍM
¿Y cómo salimos de esta?

MOISÉS NAÍM 18/09/2011




Las etapas son conocidas. Negación ("no está pasando nada"). Rabia ("¿por qué a mí?"). Negociación ("¿qué puedo hacer para posponer lo inevitable?"). Depresión ("no vale la pena hacer nada más; esto se acabó"). Aceptación ("todo saldrá bien; el mundo seguirá adelante"). Estas son las cinco etapas del duelo que, según Elisabeth Kübler-Ross, atraviesan todos los que enfrentan la muerte o una pérdida catastrófica. Sospecho que Kübler-Ross nunca imaginó cuán útil sería su esquema para entender la conducta de los Gobiernos confrontados con una grave crisis financiera. Por estas etapas pasaron los argentinos (varias veces), brasileños, mexicanos, rusos y asiáticos. Ahora le toca a Europa (y a Estados Unidos, pero esa es otra historia). Yo no sé -ni creo que nadie sepa- cómo van a evolucionar las convulsiones que están transfigurando las economías europeas o cómo reaccionarán los mercados financieros y los Gobiernos en su interminable ciclo de acciones y reacciones. Sabemos que los 150.000 millones de euros que Europa envió a Grecia no compraron mucho y que medidas de austeridad que hasta hace poco eran inimaginables ya han sido adoptadas en Italia, España y otros países amenazados. Pero nada parece funcionar.

Cuando anticipar lo que viene se hace tan difícil, es bueno echar mano del pasado; aun sabiendo que, a veces, lo que pasó antes es una guía poco fiable para vislumbrar el futuro. Sin embargo, el análisis de un gran número de crisis de este tipo en diversos países le ha permitido a Carmen Reinhart, coautora (con Kenneth Rogoff) del magnífico libro Esta vez es distinto: Ocho siglos de necedad fiananciera, identificar las cinco tácticas más comunes que los países altamente endeudados han usado para reducir su endeudamiento.

1. Crecer. Se trata de ir saliendo del problema expandiendo la economía. A medida que esta crece, aumentan los ingresos fiscales y disminuye el peso de la deuda. Muchos países lo han intentado; pocos lo han logrado.

2. Dejar de pagar. En lenguaje más técnico esto se llama moratoria, suspensión de pagos, reestructuración de la deuda, default o plan Brady. En la práctica, no implica otra cosa que la cruda notificación que los países hacen a sus deudores de que les pagarán menos de lo que les deben y que lo harán en un plazo más largo al que se habían comprometido inicialmente. Reinhart encontró que, desde su independencia en 1832, Grecia ha estado en mora el 48% del tiempo. Argentina también es un usuario frecuente.

3. Austeridad. Este es un tema tan dolorosamente familiar hoy para los europeos como lo fue en los años noventa para latinoamericanos, rusos y asiáticos. Implica draconianos recortes del gasto público, tanto del superfluo como del que no lo es tanto. Reduce la deuda, pero también saca manifestantes a la calle y, a veces, derriba Gobiernos.

4. Inflación. Cuando aumentan los precios, el valor de la deuda en esa moneda disminuye tanto como la tasa de inflación. La inflación es mala para la economía, especialmente para los asalariados, y alivia el problema del endeudamiento de una manera menos políticamente estridente. Pero no resuelve el problema del endeudamiento en otras monedas.

5. Represión financiera. Ocurre cuando los Gobiernos toman medidas que canalizan hacia ellos mismos fondos que de otra manera irían a otros propósitos o saldrían de la economía. El arsenal que incluye estas medias es variado, tentador, peligroso y... frecuentemente utilizado. Incluye la imposición de límites a los tipos de interés que paga el Gobierno, la obligación de que los bancos usen deuda pública como parte de sus reservas, la nacionalización de la banca, o partes de ella, o los controles al libre flujo internacional de capitales. Suena extremo y lo es. Pero estuvo de moda en los países menos desarrollados entre los años sesenta y ochenta. Carmen Reinhart, quien sospecha que puede venir otra época de auge para este tipo de medidas, recuerda que también fueron comunes en Estados Unidos y otros países desarrollados entre 1945 y 1980 y que fueron esenciales para ayudar a liquidar las deudas acumuladas en la II Guerra Mundial.

Claro está, ninguna de estas cinco tácticas excluye a las demás y pueden ser combinadas; en particular, la inflación y la represión financiera se acompañan con frecuencia.

Repito: no sé cómo evolucionará esta crisis. Pero sí sé que las ideas de Kübler- Ross combinadas con las de Reinhart ayudan a visualizar lo que hay detrás de muchas de las noticias que nos llegan de Europa.


Sígame en Twitter: @moisesnaim

EL ACENTO - sin firma

ANÁLISIS: EL ACENTO
Una esposa tradicionaL

SIN FIRMA.



Su hija Carolina ha dicho que su madre, Jacqueline Kennedy, debía estar muy dolorida, en lo más alto de su duelo por el asesinato de su marido, para decir lo que le dijo a Arthur Schlesinger. Un terrible duelo, dice la hija. Y lo que dice la viuda de uno de los presidentes más populares de la historia norteamericana no es menos terrible que su duelo. Lo hizo con la certeza de que no era una confidencia, pues estaba siendo grabado, y además se lo explicaba a un historiador reputado que, seguramente, haría uso de ello. Schlesinger fue uno de los colaboradores más próximos al presidente asesinado, de quien, además, fue amigo. Hoy llama la atención que aquella mujer que sintetizó las ansias de glamour de una época tuviera una visión tan estrecha, y tan antigua, de lo que la mujer era ya en una sociedad que estaba acogiendo la llegada de los Beatles, la minifalda, los libros de Simone de Beauvoir sobre la liberación de la mujer...

La noticia en otros webs

* webs en español
* en otros idiomas

Cuando Susan Sontag lideraba en América la lucha por un pensamiento libre y por la acción de la mujer en la vida, en la política y en la universidad. Pues en medio de ese universo en el que las cosas, como decía por entonces Bob Dylan, estaban siendo aventadas por los vientos del cambio, la mujer más moderna de la vida americana decía que "las mujeres jamás debían meterse en política", pues "no eran aptas para ello". El tiempo -y acaso la discreción que a veces favorece el silencio sobre las opiniones demasiado contundentes- guardó hasta ahora esas revelaciones que Jackie le hizo a Arthur, ambos mano a mano, en medio del dolor de la viuda más famosa de las últimas décadas de Estados Unidos y del mundo. Esas versiones de la realidad que daba la esposa de Kennedy, que luego fue esposa de Onassis, tuvieron también varios nombres propios que probablemente hubieran sonrojado a los nombrados y también al propio presidente Kennedy.

De Gaulle, por ejemplo, era, en palabras de Jackie, "un ególatra", y Martin Luther King, cuyo movimiento de liberación de los negros fue decisivo para modernizar la mente americana, era para ella "un fraude". ¿Por qué? Porque a ella le llegó, por los espías, que arreglaba encuentros sexuales con mujeres... De sí misma dice que era "una esposa tradicional". No se sabía hasta

qué punto.

lunes, 12 de septiembre de 2011

frases

Frases para recordar
"There is no comparison between that which is lost by not succeeding and that which is lost by not trying" - Francis Bacon

"Con constancia y tenacidad se obtiene lo que se desea; la palabra imposible no tiene significado". - Napoleón.

"The key to life is accepting challenges. Once someone stops doing this, he's dead." - Bette Davis

"Si se quiere ascender por cuestas empinadas, es necesario al principio andar despacio." - William Shakespeare

"Our greatest glory is not in never failing, but in rising up every time we fail." - Ralph Waldo Emerson

"Nuestra recompensa se encuentra en el esfuerzo y no en el resultado. Un esfuerzo total es una victoria completa" -Mahatma Gandhi

"Un gran sacrificio resulta fácil; los que resultan difíciles son los continuos pequeños sacrificios." - Johann W. Goethe

"La constancia es un puente entre el deseo y la realización." - Luis Señor

"Si añades un poco a lo poco y lo haces así con frecuencia, pronto llegará a ser mucho". - Hesiodo

"No basta dar pasos que un día puedan conducir hasta la meta, sino que cada paso ha de ser una meta, sin dejar de ser un paso" - Johann P. Eckermann

"Creo muchísimo en la suerte y descubro que cuanto más trabajo, más suerte tengo" - Montaigne

"Soporta y persiste; el dolor presente ha de serte de provecho en mejor ocasión." - Ovidio

"La paciencia es amarga, pero sus frutos son dulces" - Jean Jacques Rousseau

"El modo de dar una vez en el clavo es dar cien veces en la herradura" - Miguel de Unamuno

"Con orden y tiempo se encuentra el secreto de hacerlo todo y hacerlo bien" - Pitágoras

"Largo y arduo es el camino que conduce del infierno a la luz." - John Milton

lunes, 15 de agosto de 2011

Verano Montero 2010

Bajo el calor de agosto leo la biografía de Unamuno que acaban de publicar Colette y Jean-Claude Rabaté en la editorial Alfaguara. Para refrigerarme acudo a mi biblioteca y abro con humor El arte de tener siempre razón de Schopenhauer. Los dos libros ofrecen lecciones directas e indirectas que no conviene olvidar. Unamuno fue un hombre admirable por su vigor intelectual y su independencia. Su compañía ayuda a entender hoy la necesidad de remover las aguas muertas. Cualquier cosa es buena, una crisis interna, unas elecciones primarias en el corazón, un riesgo personal, antes que aceptar los panoramas silenciosos de corrupción, derrota y borreguismo. Esa fue su lección directa.

Su mayor lección indirecta nos advierte de los peligros de la soberbia. Cuando se enreda con cualquier obsesión o con cualquier injusticia sufrida, el sentimiento caluroso de la soberbia derrite las causas originales del vigor intelectual y la independencia. Uno puede acabar defendiendo lo contrario de lo que daba sentido a su propio pensamiento. Más que una verdad objetiva, se busca el triunfo de la coyuntura personal. Y cada loco con su tema.

Hay crisis íntimas que son envidiables. En vez de llevar en la conciencia el peso del mundo, una revelación espiritual nos permitiría, por ejemplo, arrodillarnos ante el Apóstol Santiago para descansar en su ayuda. A Unamuno ni siquiera lo calmó esa crisis. Me temo que le hubieran hecho falta dos. Una para olvidar a los creyentes que comulgan con ruedas de molino, los dogmáticos del todo. Otra para defenderse de los que no creen en la política, ni en el Estado, ni en ilusiones colectivas, los dogmáticos de la nada. Considerando como está el mundo, creer en algunas cosas no es un mal equipaje ético. Aunque quizá eso no sea propio de creyentes, sino de ciudadanos.

Tetas

Para gustos, tetas, areolas y pezones
admin
15 ago 2011


JAVIER SALAS

A los hombres heterosexuales nos gustan las tetas. Los hay que son más de culos, cierto, pero ninguno le hace ascos a un buen pezón. Pero ¿qué es un buen pezón? ¿Qué tipo de pechos nos resultan más sugerentes? Un grupo de curiosos investigadores de la neozelandesa Universidad de Wellington se propuso salir de dudas. Pero nada de fotos en bañador o dibujos de siluetas, como hasta el momento. Fotos de bustos desnudos. Y las pasearon por delante de tres grupos social y culturalmente muy distintos: aldeanos de Papúa Nueva Guinea, trabajadores de Samoa y urbanitas de Nueva Zelanda. Y dividieron los resultados en función de si estaban solteros o casados. Las tres nacionalidades sólo coincidieron en una cosa: los hombres casados siempre prefirieron las tetas grandes. Y también se describió cierta tendencia de los solteros a observar con agrado pechos de todo tipo: asimétricos, pequeños, con areolas grandes o pequeñas y con pezones de toda la gama cromática.

Los papúes fueron los que más se inclinaron por las tetas de mayor tamaño, y no por vicio: este rasgo se identifica con mujeres con mayor índice de grasa corporal, lo que asegura una buena lactancia para los bebés, algo muy valioso en sociedades con escasez de recursos. El principal hallazgo de esta investigación es que cada grupo se decantó por determinadas características: a los samoanos no les gustan las areolas grandes, los neozelandeses tienen un marcado gusto por la simetría mamaria y por los pezones claritos, los papúes los prefieren oscuros… La inclinación de los hombres por los pechos es cultural, concluyen los investigadores, y generalizar sobre lo que erotiza a los hombres es un error, porque para gustos, pezones

Montero

Despedida
Luis García Montero
29 ago 2010


El agua no sabe de escrituras. Eso dicen en Rota cuando los temporales se llevan una casa. El mar salta por encima de las rocas y acaba con las paredes que retaron de forma imprudente a la ley de las tormentas y las mareas. Lo que no se atreven a solucionar las ordenanzas municipales, lo arreglan las crecidas de los ríos y la ira del mar. Tampoco entiende de escrituras el tiempo. Pasa sin dejar que nos bañemos dos veces en la misma ola.

Cuando agosto nos ofrece una hamaca, cuando disfrutamos en la piel una sensación de plenitud soleada que nos une a la tierra, y las noches crecen como interminables enredaderas con olor a jazmín y amistad, y llegan a nuestros ojos, con la puntualidad de un tren perfecto, las páginas de los libros y los desnudos de las sábanas, caemos en la tentación de considerar que el tiempo es una propiedad privada. Pero el tiempo, enamorado de sí mismo, va de mostrador en mostrador, sin casarse con nadie.

La marea del tiempo se lleva agosto y nos deja a las puertas de un otoño duro. Parece que el invierno será duro también, como la primavera, en la que brotarán flores de un color indeciso. Pero no estoy dispuesto a volver a la ciudad con ojeras.

Me gustaría que mi despedida en el número final de este suplemento libre y veraniego sirviese para decirles que en cualquier frío hay siempre un calor hecho a nuestra medida. Lo indispensable es que estemos en nuestro lugar cuando venga a buscarnos. Seguro que en cualquier esquina nos espera un sol de invierno dispuesto a mantener el color de las palabras y la conciencia. No hace falta un bronceado espectacular, basta con la piel del aire limpio. Considerando los malos tiempos que corren, la palidez del pesimismo es un lujo que no nos podemos permitir. Algo traerá la marea, o el temporal.

sábado, 30 de julio de 2011

Teo Revilla Bravo

NO OLVIDAR

Éramos dos almas que el tiempo floreció

–poesía multicolor de la vida-

prematuramente moldeándolas de dicha.

¿La luz que un día iluminó tu rostro

en austera y eficaz belleza, dónde se halla

ahora, dónde entre la oscuridad del misterio

se trasladó? Todo son sombras en la ciudad

vacilante, en el campo que se espiga y arruina

infecundo. Permanece el oculto al eco de todo

lo sentido, y aunque los cuchillos aún hieran

en noche fría, permanecemos aferrados

fieles a la herida. No se interponen, no logran

el desasimiento completo. Tú allá –inmutable

ideal de fascinante atracción-

donde se conjuran las estrellas; yo aquí

en admiración permanente.

Reconocidos estamos en barahúnda moral,

en tortura de la memoria avocados el uno al otro

–ámbito protector-, a través de lazos inexplicables

de torpezas, que parecen inmovilizarnos.

Experimentar entre muerte y muerte en desliz

lento hacia el encuentro; sentir la mortaja

de lo imperecedero ajustándose a los cuerpos

como el conducto une al astronauta con la nave nodriza;

volver a la suavidad máxima del sentimiento,

a las luces de blancas alboradas y dulces lunas,

sin perdernos, sin relegarnos, sin olvidos…



Teo Revilla Bravo.









NIEBLAS.


A qué responde -asustada intranquilidad,

desorden repentino o declive de sentimientos-

este caos de melancolía y desalientos que me alteran.

Fiel al llanto, los recuerdos te nublan

como se va nublando el mismo atardecer.

Quizás al amor o la llamada a la identidad

de dos que lanza obstinadamente una inquietud,

un aleteo indeciso de palomas, una insatisfacción

de intriga, un desafío musical, la flauta contra la lira,

un bloqueo en el alma que no asegura paz,

una expectativa sin nombre al vuelco de corazón

dolorido, o a la siembra interminable de dos cuerpos

en la desesperanza extraña de la esencia.


Íntimo desasimiento, niebla que en el boscaje

oscuro se abre paso lentamente…


Entiendo que el dilema es bien otro, que está definido

en los sentimientos -alejamiento, cercanía-,

en la firme sospecha de que el inconveniente de todo

es no poder habitar debidamente el paisaje

deslumbrante y atrayente de tu asombrosa desnudez…


Teo Revilla Bravo.

Posteado por M. Días Morales.

Interpretación y sobreinterpretación: Umberto Eco



"Ciertas novelas se vuelven más bellas cuando alguien las cuenta, porque se convierten en ‘otras' novelas" (Umberto Eco)

Cuando se hace crítica literaria, tomar una herramienta (teórico-literaria) que auxilie en el análisis del discurso ayuda enormemente porque impide que nuestra lectura del texto se “dispare”, esto es: se escriba sobre él lo que se cree y se siente, sin ningún fundamento concreto que lo sustente y solo porque nos parece que es así en virtud de nuestro propio sistema de expectativas, olvidando que la intención del texto (intentio operis) no aparece en la superficie textual. “O, si aparece, dice Eco, lo hace en el sentido de la carta robada. Hay que decidir 'verla' ”. Existe diferencia entre la crítica o interpretación intuitiva y la crítica o interpretación reflexiva, teniendo presente que para saber si es una mala lectura o interpretación se necesitan criterios para definir una buena lectura o interpretación, como apunta Umberto Eco en Interpretación y sobreinterpretación, con colaboraciones de Rorty, Culler, Brooke-Rose. Compilación de Stefan Collini, Trad. de López Guix (Cambridge University Press, 1995).

Sea como lector empírico (1), como crítico literario o como lector modelo (el postulado por el mismo texto), nuestra lectura interpretativa se inicia con una conjetura sobre esa intención del texto. Como había comentado en otra ocasión, en nuestra situación de lectores realizamos el círculo hermenéutico. “Un texto puede prever un lector con derecho a intentar infinitas conjeturas”, ¿cómo demostrar una conjetura acerca de la intentio operis?, pregunta Eco, y responde:

La única forma es cotejarla con el texto como un todo coherente. También esta idea es vieja y procede de San Agustín: cualquier interpretación dada de cierto fragmento de un texto puede aceptarse si se ve confirmada –y debe rechazarse si se ve refutada- por otro fragmento de ese mismo texto. En ese sentido la coherencia textual interna controla los de otro modo incontrolables impulsos del lector.

En Los límites de la interpretación (1998), lo dice asi:

La iniciativa del lector consiste en formular una conjetura sobre la intención de la obra. Esta conjetura debe ser aprobada por el conjunto del texto como un todo orgánico. Esto no significa que sobre un texto se pueda formular una y sólo una conjetura interpretativa. En principio pueden formular infinitas. Pero al final, las conjeturas deberán ser aprobadas sobre la coherencia del texto, y la coherencia textual no podrá sino desaprobar algunas conjeturas aventuradas.

La crítica literaria, y obviamente quien la hace, es muchas veces rechazada, no agrada. Lo que digo ahora no es en su defensa porque particularmente no pienso que la necesite aunque sea, en ocasiones, rehusada (dentro del tema literario muchas cosas lo son y su por qué es problema de la Teoría de la recepción).
Lo que sí me interesa señalar, es que así como hay escritores malos los hay buenos, de igual forma así como hay críticos literarios malos los hay buenos. El escritor sin el lector ¿qué sentido tendría? y viceversa, sin obra no habría lector. El crítico literario ante todo es un lector y su lectura plasmada en escritura es un ensayo, es literatura. Que puede gustar o no, es cierto, como igualmente es cierto el que puede gustar o no una novela o un cuento de un autor.

Recuerdo ahora unas palabras de Alberto Ruy Sánchez: "El ensayo es una memoria cifrada, la bitacora afectiva de una errancia: un recuerdo reflexivo de aquello que la vida depara a quien no puede escribir sino combinando su sabor con su saber. Sabor y saber: fórmula que le encantaba usar casi como emblema al ensayista Roland Barthes, porque para él esa combinación era la clave del ensayo verdaderamente literario. Donde el saber toma sabor aparece el escritor y desaparece el escribano".

Con los siguientes señalamientos de Eco, estoy totalmente de acuerdo:

¿Tenemos derecho a preguntar cuál fue la “verdadera” intención de Wordsworth al escribir sus poemas de “Lucy”? Mi idea de la interpretación textual como una estrategia encaminada a producir un lector modelo concebido como el correlato ideal de un autor modelo (que aparece sólo como una estrategia textual) convierte en radicalmente inútil la noción de la intención de un autor empírico. Tenemos que respetar al texto (2), no el autor como persona de carne y hueso. No obstante, puede parecer demasiado crudo eliminar al pobre autor como algo irrelevante para la historia de la interpretación. Hay en el proceso de comunicación casos en que una inferencia sobre la intención del hablante es de capital importancia, como ocurre siempre en la comunicación de cada día. Un anónimo que diga “Soy feliz” puede referirse a una infinita gama de posibles sujetos de la enunciación, es decir, a toda clase de personas que no se consideran tristes; pero, si, en este preciso momento, pronuncio la frase “Soy feliz” es absolutamente cierto que mi intención es decir que el feliz soy yo y no otro, y ustedes están invitados a hacer tal presuposición, en bien de la “felicidad” de nuestra interacción. ¿Podemos (de modo similar) tener en cuenta casos de interpretación de textos escritos ante los cuales el autor empírico, aun vivo, reacciona diciendo “No, no he querido decir eso”?

Todo esto ayuda a percibir que el acto de lectura, de la crítica literaria, no es cosa fácil ni sencilla, pero siempre muy grata.

__________

(1) “El lector empírico puede leer de muchas maneras, y no existe ninguna ley que le imponga cómo leer, porque usa el texto como recipiente para sus propias pasiones” (Eco, Seis paseos por los bosques narrativos, 1996).

Lector Modelo: el capaz de participar en la actualización de las intenciones que el enunciado contiene virtualmente –cooperación textual-. La cooperación textual es un fenómeno que se realiza entre dos estrategias discursivas, no entre dos sujetos individuales. Autor Modelo y Lector Modelo, se entenderán como tipos de estrategia textual.

El autor empírico: quien escribe la novela o el cuento (el escritor, que no es el autor modelo). También en Seis paseos por los bosques narrativos lo explica visiblemente:

El lector modelo de primer nivel desea saber cómo acaba la historia. El lector modelo de segundo nivel se pregunta en qué tipo de lector le pide esa narración que se convierta y quiere descubrir cómo procede el autor modelo que lo está instruyendo paso a paso. Para saber cómo acaba la historia basta, por lo general, leer una sola vez. Para reconocer al autor modelo es preciso leer muchas veces, y algunas historias hay que leerlas una e infinitas veces. Sólo cuando los lectores empíricos hayan descubierto al autor modelo y hayan entendido (o incluso solamente empezado a comprender) lo que "Ello" quería de ellos, ellos se habrán convertido en el lector modelo ideal. Lector Modelo: el capaz de participar en la actualización de las intenciones que el enunciado contiene virtualmente –cooperación textual-. La cooperación textual es un fenómeno que se realiza entre dos estrategias discursivas, no entre dos sujetos individuales. Autor Modelo y Lector Modelo, se entenderán como tipos de estrategia textual.


(2) El énfasis es mío.

martes, 26 de julio de 2011

Anne Sexton

Agua

Somos pescadores en una escena plana.
Nos pasamos todo el día enamorados del agua.
Los peces están desnudos.
Los peces están siempre despiertos.
Son del color de las cucharas viejas
y el caramelo.
El sol se estira hacia abajo
pero el piso no está a la vista.
Sólo las rocas son blancas y verdes.
¿Quién sabe qué ocurre en los salones sumergidos?

Es raro ver al somorgujo traspasar
el techo del lago amarillo
como un jorobado en traje a cuadros
que arrastra sus grandes pies.
Sólo su cabeza y su cuello pueden respirar.
Lanza su canto de tirolés.
Se sumerge en él
como el piloto
que toda la noche se mece en su hamaca, llamando
yo he visto, yo he visto.

El agua es peor que la mujer.
Llama a un hombre para vaciarlo.
Debajo de nosotros
doce princesas danzan toda la noche,
agotando a sus amantes, abandonándolos después.
Yo he conocido el agua.
He cantado toda la noche
para el último cargamento de muchachos.
He cantado toda la noche
para las bocas que más tarde salen a flote,
una a una,
sosteniendo un arruinado zapato de mujer.

Water: We are fishermen in a flat scene./ All day long we are in love with water./ The
fish are naked./ The fish are always awake./ They are the color of old spoons/ and caramels./ The sun reaches down/ but the floor is not in sight./ Only the rocks are white and green./ Who knows what goes on in the halls below?// It‘s queer to meet the loon falling in/ across the top of the yellow lake/ like a checkered hunchback/ dragging his big feet./ Only his head and neck can breathe./ He yodels./ He goes under yodeling/ like the first mate/ who sways all night in his hammock, calling/ I have seen, I have seen.// Water is worse than woman./ It calls to a man to empty him./ Under us/ twelve princesses dance all night,/ exhausting their lovers, then giving them up./ I have known water./ I have sung all night/ for the last cargo of boys./ I have sung all night/ for the mouths that float back later,/ one by one,/ holding a lady’s wornout shoe.

de Love Poems, 1969:

Anne Sexton

martes, 1 de febrero de 2011

albahaca / albaca

albahaca.

(Del ár. hisp. alḥabáqa, y este del ár. clás. ḥabaqah).


1. f. Planta anual de la familia de las Labiadas, con tallos ramosos y velludos de unos tres decímetros de altura, hojas oblongas, lampiñas y muy verdes, y flores blancas, algo purpúreas. Tiene fuerte olor aromático y se cultiva en los jardines.

~ silvestre mayor.

1. f. clinopodio.

~ silvestre menor.

1. f. alcino.




Real Academia Española © Todos los derechos reservados




albaca.

(Sínc.).


1. f. albahaca.




Real Academia Española © Todos los derechos reservados

domingo, 30 de enero de 2011

Luis García Montero -

La realidad y el deseo
Yo fui a la huelga


Anuncio Único

www.GROUPON.com.ar/Buenos_Aires

El importante acuerdo social logrado por el Gobierno y los sindicatos merece que nos atrevamos a barajar la insatisfacción con la alegría. Como me dedico a escribir poemas, tarea que supone un metódico ejercicio de conciencia sobre la queja y los deseos, no me da miedo asumir el sentimiento de la contradicción.

Yo fui a la huelga el 29 de septiembre de 2010 para protestar ante la deriva de una democracia europea humillada por un capitalismo de cajas destempladas. Permítanme el juego de palabras porque la reforma de las cajas me parece el ejemplo más claro de la dirección tomada por un sistema que ha decidido liquidar cualquier apego al territorio (es decir, a la gente), acabar con la autoridad política y olvidarse de la cultura y las obras sociales. Cuando se expulsaba del ejército a un militar o cuando se conducía a un reo al cadalso, era costumbre destemplar las cajas de los tambores para hacer sonoro el desprecio. Los mercados financieros han conseguido imponer un tiempo de cajas destempladas, el Gobierno se humilló a su marcha y yo me puse en huelga convocado por los sindicatos. Como las políticas del Gobierno siguen desafinando y el acuerdo alcanzado supone una pérdida de derechos cívicos, no tengo más remedio que admitir mi frustración.

Pero debo explicar también mi alegría. Celebro que la huelga general en la que participé haya servido para algo. Quizá no me comprendan los revolucionarios de salón, o de bar, que apuestan siempre por el maximalismo. Muchos de ellos ni siquiera pensaron en ir a la huelga. La maldad de los sindicalistas y de los políticos no merecía perder una jornada de salario o asumir una pelea con el jefe. ¿Para qué combatir, si ya nos desahogamos con una buena indignación privada? Tampoco me van a entender los líderes del PP, más electoralistas que nunca en este proceso. ¿Para qué buscar un acuerdo, si podía haber otra huelga general, una ruptura social y un decretazo? Confieso que un motivo importante para recibir con alegría este acuerdo es que dificulta los deseos solapados del PP de forzar una reforma más dura si llega al poder. Lo que haga será responsabilidad descarnada de su propia ideología, no consecuencia de una incapacidad negociadora del Gobierno anterior y los sindicatos. En la clandestinidad, la izquierda debía cuidarse mucho de las provocaciones. Los aparatos represivos alentaban revueltas para justificar después la mano dura y facilitar la desarticulación del movimiento antifranquista. Confieso que he entendido como verdaderos actos de provocación las numerosas declaraciones de la derecha sobre las pensiones y los derechos laborales.

La lectura del acuerdo global sobre la Reforma del Sistema de Pensiones nos pone en contacto con una realidad minuciosa: casos de jubilación ordinaria, anticipada o en situación de crisis, incentivos para el retraso voluntario de jubilación, escalas de cálculos, trabajos tóxicos, insalubres o peligrosos, lagunas de cotización, realidad de los jóvenes, periodos de maternidad y comportamientos de las mutuas. Uno tiene la sensación de que las vidas cotidianas de miles de personas dependen de la forma de redactar cada línea. Esa es la responsabilidad de los sindicatos.

Celebro este acuerdo porque ha conseguido recortar los recortes. Celebro este acuerdo porque no es el que iba a imponer el Gobierno a cualquier precio. Celebro este acuerdo porque reivindica el trabajo político en una época que pretende consagrar la obediencia debida a los mercados. Y celebro este acuerdo porque permite defender la viabilidad de las pensiones públicas. Por ahora se evita o retrasa una desbandada general hacia los planes privados de pensiones. Recordemos que el dinero de estos planes es el preferido por los especuladores para liquidar con sus maniobras la soberanía democrática de los Estados. Por último, celebro que mi huelga general de septiembre haya servido para algo.

Esta celebración no olvida sus frustraciones. Como se acerca un proceso electoral, vuelven las consignas mediáticas del bipartidismo. La izquierda que más ha apoyado a los sindicatos es calificada despectivamente con la falsilla de “izquierda minoritaria”. En una famosa dedicatoria, Juan Ramón Jiménez dirigió sus poemas “a la inmensa minoría”. Pensemos todos si convertirnos ya en una inmensa minoría no será el mejor modo de empezar a replantearnos el futuro.

sábado, 8 de enero de 2011

Un poema de E. Dickinson traducido por Silvina Ocampo

Excavar un corazón


*

Renunciación — es una penetrante virtud —
es dejar que se vaya
la presencia — por una expectativa —
no ahora —
retirar los ojos —
el amanecer —
no sea que el día —
el gran progenitor —
sobreviva
renunciación — es elegir
en contra de uno mismo —
para justificarse
a sí mismo —
cuanto más grande es el acto —
hace que aparezca —
más pequeña — la oculta visión — Aquí —


---


Cualquiera que desencante
a un solo ser humano
por traición o por irreverencia
es culpable de todo.

Inocente como un pájaro
gráfico como una estrella
hasta una sugestión siniestra
que las cosas no son lo que son —


---

No era la Muerte, pues yo estaba de pie
y todos los muertos están acostados;
No era de noche, pues todas las campanas
agitaban sus badajos a mediodía.

No había helada, pues en mi piel
sentí sirocos reptar,
ni había fuego, pues mis pies de mármol
podían helar un santuario.

Y, sin embargo, se parecían a todas
las figuras que yo había visto
ordenadas para un entierro
que rememoraba como el mío.

Como si mi vida fuera recortada
y calzada en un marco,
y no pudiera respirar sin una llave
Y era como si fuera medianoche

cuando todo lo que late se detiene
y el espacio mira a su alrededor
La espeluznante helada, primer otoño que llora,
repele la apaleada tierra.

Pero todo como el caos,
interminable, insolente,
sin esperanza, sin mástil
ni siquiera un informe de la tierra
para justificar la desesperación.





Emily Dickinson
Traducción, Silvina Ocampo

60 poemas. Mondadori, pg. 59.

Corrección de un poema d Ben Jonson (1616)

Ben Jonson
A Celia, 1616

Drink to me only with thine eyes
And I will pledge with mine;
Or leave a kiss but in the cup
And I´ll not look for wine.

Ray Bradbury
Crónicas marcianas, 1950

Drink to me with thine eyes
And I will pledge with mine
Or leave a kiss in a cup
And I won´t ask for wine.



_____


La traducción
original

Bébeme sólo con los ojos
y yo daré en prenda los míos;
o deja un beso en la copa
y ya no aguardaré vino.

La esplendente
copia

Bebe a mi salud con tus ojos
y yo brindaré con los míos;
o deja un beso en la copa
y no pediré vino.